Enfeite seu coração! Automaticamente estará enfeitando você! Heloísa Lugão

sábado, 30 de agosto de 2014

Sobre as Cafajestes



Nos dias de hoje o homem é cafajeste e a mulher é piriguete. O cara pode sair, dormir, transar de primeira com quantas mulheres for preciso, no outro dia sumir para a garota da noite anterior, aparecer só quando não tiver outra opção e este é chamado de garanhão pelos amigos e de cafajeste pelas mulheres. Já as mulheres que transam de primeira, ficam com vários caras na mesma noite, dormem com quer, somem para o cara da noite anterior e só aparece quando está carente é piriguete para as amigas e para os caras. Tabu, nos dias atuais ainda existem tabus.

Na minha concepção piriguete é a versão feminina do cafajeste. O cafajeste  não liga pra nada, não quer saber de romance, não quer saber do dia seguinte e sim do agora, não quer se apegar, quer apenas se divertir e alguns momentos de prazer sem compromisso. A piriguete é a mesma coisa, ou melhor, a cafajeste.

Nos dias atuais uma mulher ser chamada de piriguete é feio já o homem cafajeste é lindo. Cafajeste é aquele que consegue levar várias mulheres pela lábia, o garanhão, o cara que é desejado pelas mulheres. Ledo engano quem pensa que mulher não tem lábia e não consegue uns garros quentes de quem está afim e no outro dia sumir. Sobre a questão da conversinha fiada no pé do ouvido só digo uma coisa: acredita quem quer!

Bom, neste texto não quero chamar a mulher de piriguete e sim de cafajeste. E eu já fui uma e tenho várias amigas que são e já foram cafajestes. Tenho amigas que já terminaram o namoro em plena viagem, outras que só aparecem para um sexo casual, outras que não querem apenas um e sim vários, outras que não querem ninguém no pé, outras que tem uma boa conversa e o cara caí e assim vai. Tanto elas, como eu, não somos piriguetes e sim cafajestes pelo fato de fazer com que um cara acredite na nossa conversa.

Desde já deixo claro que nem todos os homens e nem mulheres são o tempo todo cafajestes, que isso acontece em algumas vezes para as mulheres e para os homens. Tem muito cara por ai que é cafajeste e depois se torna um cara legal. Tem muita mulher por ai que é uma cafajeste e depois se torna única. Ser cafajeste sempre cansa, uma hora todos mudam.

Já fui cafajeste em outras ocasiões e nunca parei pra pensar até o dia que pensei em uma situação que aconteceu. Ocorreu uma situação e por uns três dias carreguei a culpa e me senti uma cafajeste de primeira. Arrependi pelo fato de que a pessoa envolvida não merecia o que fiz, ops calma. Na verdade não sei se ele não merecia, não o conheço a ponto de achar isso. As pessoas que o conhecem me “julgaram” pelo fato dele não merecer o que fiz. Ele nunca fez nada comigo, todavia só o vi uma vez e com isso não posso falar que ele é o homem da minha vida, o cara ideal para ser o pai dos meus filhos. Também não posso colocar a culpa na bebida, fiz o que queria.

Carreguei a culpa pelos três dias e aquilo não saia da minha cabeça até que passei um dia inteiro conversando com um amigo que me ajudou a esclarecer as coisas e tirar o peso da culpa que estava carregando pelas costas. O sujeito não quer me ver nem pintada de ouro (escolha dele), mas nunca prometi nada a ele, não tinha e nem tenho nada com ele. Pensei apenas no momento, não pensei em constituir família com um cara que conheci naquele dia.

Todos nós já fomos cafajestes por um dia. Todos nós já iludimos alguém, mesmo que seja sem querer ou com a intenção. Não podemos nos culpar, às vezes algumas atitudes inconscientes são melhores do que as atitudes conscientes. Não se culpe por ter sido cafajeste por um dia, pega isso e torne um aprendizado. Não me arrependo do que fiz naquela noite, todavia, não quero ser cafajeste sempre.


Heloísa Lugão

segunda-feira, 18 de agosto de 2014

São só lembranças


E não há de se negar que éramos felizes. Durante muito tempo deu certo e fomos sim felizes ali naquele tempo. Gostávamos um do outro a nossa maneira, talvez um pouco diferente dos casais normais, mas nunca fomos um casal normal. Não é porque gostávamos um do outro do nosso jeito que gostávamos mais ou menos do que os casais normais gostam. Nós tínhamos nossos jeitos e nossos sentimentos, tudo a nossa maneira.

Eu fui feliz mesmo quando tinha que dormir com você roncando a noite toda do meu lado e mais um monte de gato. Quando saíamos e perguntavam se éramos irmãos. Quando você me chamava de enjoada. Quando fazia carinho nas minhas costas e cabelo. Quando ficávamos deitados na cama você vendo esportes e eu lendo, ali era paz e amor. Quando me dava chocolates. Quando você me zuava, o que era o tempo todo. Quando você me pedia para cozinhar. Quando você fez um jantar pra mim. Quando me deu aquele ovo da páscoa da Pucca, o sapo que vira príncipe (que era você), a bolsa linda e o cartão mais sincero do mundo. Quando me mandava torpedos na madrugada dizendo o quanto me amava. Gostava mesmo era quando escrevia pra mim, ali sim sentia toda sinceridade. Mesmo quando você esteve ausente no momento que mais precisei, também gostei de você. Quando você cuidava de mim e dizia “toma tal remédio, eu dei pra minha cachorra/ gatos e ficou boa”. Você cuidava tão bem dos seus animais e na verdade de mim você não cuidou tão bem. Não cuidou a ponto de eu decidir ir embora. Éramos bons, contudo não era bom ficar junto.

Meu Deus como você me fazia raiva. Usou toda minha paciência e mesmo assim eu ainda gostava de você.

Fui embora mesmo querendo ficar. Você sabe o quanto tentei, o quanto me esforcei, quanta coisa relevei. Não dava mais. Eu era feliz, porém o sofrimento era maior.
O que mais gostei nisso tudo foi que você gostava de mim do jeito que sou. Não mudei nada para te agradar. Não precisei encenar enquanto estava com você.

Eu gostei, gostei muito e pode acreditar. Gostava do meu jeito, mas era sincero.

Tem histórias que ninguém apaga, nem mesmo o tempo. O que fica são os momentos de alegria e a moral de história. A gente sempre aprende algo com a história.

O fim da nossa história foi começo de uma história bonita que estou escrevendo. Superei meus limites, venci orgulho, descobri o quanto sou forte, venci obstáculos, conheci muita gente bacana, amei e desamei várias vezes (mentira, só uma RS), chorei muito porque crescer dói e me vi obrigada a isso. Na nossa história eu era uma menina, na minha de hoje sou uma mulher.

Hoje não existem mais sentimentos de amor e nem de raiva. Hoje existe uma saudade, uma saudade bonita, daquelas gostosas que sentimos quando só lembramos as coisas boas. Hoje a lembrança é aquela que me faz rir e é essa que sinto quando me lembro de tudo que aconteceu.

Mas recordação boa mesmo é aquela que fica na memória, essa ninguém apaga, já as fotos não fazem mais sentindo ocupar espaço. Talvez sejam elas que estão atrapalhando a entrada do novo que quer entrar e não encontra espaço. O velho precisa sair para que o novo entre. E assim será feito.

E como disse Clarice Lispector: Ainda bem que sempre existe outro dia. E outros sonhos. E outros risos. E outras pessoas. E outras coisas..


Heloísa Lugão

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

O melhor lugar



O melhor durante toda a minha vida foi à casa da minha avó Hilda. Foi o melhor lugar até a morte dela. Lá era o meu refugio, fugia de casa e ia pra lá ( minha mãe sempre me achava), adorava dormir com minha avó e lembro que todos os dias ela saia cedinho para ir rezar o terço na igreja. Lá era o ponto de encontro da família, onde todo o domingo tinha festa. Lá sempre tinha alegria, mas também tinha brigas. Tinha muitas comidas, aconchego e um cheiro que só lá tinha. Lá eu brincava, comia sopa todas as noites, bebia suco natural em todos os almoços, era defendida por ela, via o que queria na TV, ela me dava banho e falava que minha mãe não cuidava direito de mim (eu concordava RS). Tinha uma pracinha na frente onde ao dia brincava e a noite tinha medo de passar por lá por ser escura. Uma varanda na frente que sentávamos no fim do dia para conversar e uma varanda nos fundos que fazíamos as refeições.

Durante muito tempo a minha bisavó Dudu morou lá também. Uma senhorinha engraçada que escondia chocolate por debaixo do colchão. Uma senhora italiana que sempre me contava sua vinda da Itália para o Brasil. Que sempre me cobrava pelos namorados e falava que eu iria ficar pra titia. Que vivia em guerra com meu avô, seu genro, e era extremamente engraçado. Uma senhorinha que não ouvia muito bem (ouvia o que queria), mas que enxergava que é uma beleza. Tinha uma cadeira de balanço na varanda que era super disputada. Que ia deitar-se às 19 horas, todavia se você entrasse no quarto dela à 01 hora da madrugada esta acordava e conversava com você.

Lá, sempre foi o paraíso. Lá eu realmente era feliz e não sabia. Lá os problemas não tinham vez. Lá era paz, alegria, amor e aconchego. Gostava mais de lá do que da minha casa.

A bisavó se foi e depois a vó e nunca mais consegui ficar mais de meia hora lá naquela casa. As essências dela se foram, a casa ficou fria e vazia. Entrava lá e parecia que via minha avó andando e falando, na cozinha cozinhando ou no banheiro secando seus cabelos como de costume. E ai era inevitável lágrimas caírem. Depois disso não era mais feliz ali, era triste. Tinha uma saudade que doía, daquelas que apertam o coração e sufocam. Daquelas que só passa quando a pessoa diz “passou, foi só um sonho ruim”. A dona dessa saudade nunca iria falar isso, ela não poderia mais voltar e me dar um beijo na testa e dizer que tudo aquilo de ruim acabou e voltaríamos para a felicidade.

De tudo que minha avó me ensinou a luta pela vida foi a maior delas. Ela lutou contra sua doença até os últimos segundos. Ela sofreu muito com sua enfermidade e todos os dias agradecia pelo dom da vida. Ela tinha uma doença que não tinha cura, o problema dela era só Deus para resolver. E mesmo assim lutava e agradecia por mais um dia de vida. E ela sorria!

Depois que elas se foram pensei em várias formas de comprar a casa e dar para minha mãe. Pensei em me inscrever no BBB, jogar na Mega Sena, mas nunca consegui a grana. E agora a casa está à venda ou já vendida, não sei ao certo.

Eu queria poder morar ali para estar mais perto da minha avó, mesmo ela visitando semanalmente nos meus sonhos, mas agora não tem como mais, agora é de outro.

Fiquei muito triste por saber que outras pessoas irão morar lá. Contudo descobri que o melhor lugar que uma pessoa morar é em nosso coração e na memória e isso a minha avó tem residência fixa. Mas também fico feliz pelos próximos moradores, porque tenho certeza que estes serão felizes assim como todos nós fomos lá.


Heloísa Lugão

quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Eles sabem...

Talvez eles realmente saibam ou sentem, bem como uma intuição feminina, quando a moça está em outra.

Anne tem duas amigas que saíram de um relacionamento recentemente e ficaram muito abaladas. De costume, elas procuram respostas que no momento não terão. As respostas só vão chegar quando elas não quiserem. Quando estiverem em outro momento, outra fase. E essas respostas chegarão a suas mãos sem ao menos mover uma palhinha.

Assim como as respostas é possível, bem possível, que estes exs as procurem quando elas estiverem em outra fase, outro momento. Talvez elas ainda estejam sozinhas e não querem ou não façam tanta questão deles. Talvez elas já estejam nos braços de outro alguém.

Recentemente Anne passou por essa situação. Ela não quer mais saber de Pedro, não tem contatos com ele, sumiu do mapa para ele. Ela está em um momento único, tão único que é tão só dela. Ele a procurou com um papo que não colou. Disse que viu umas coisas dela e a mesma na rua e esta aparentava um semblante triste, o que não é verdade, e disse que ficou preocupado com ela. Todavia, ele a procurou semanas depois que a viu e as coisas dela.

Preocupação?! Não minha amiga, ele quer apenas marcar território ou sentiu o gosto do desprezo. Preocupação é algo que procuramos saber na hora e não semanas depois. Ele poderia estar ocupado, muito trabalho, mas se ele realmente estivesse preocupado a procuraria o quanto antes. Desculpa Pedro, mas isso não colou. Tanto que não colou que a moça não sentiu as pernas bambas, tumtum no coração e nem ficou alegre e eufórica. Ela apenas respondeu que ele estava equivocado e ela estava muito bem. Mais uma vez ele sentiu o gosto do desprezo.

Ela não o desprezou com o intuito para que ele volte a correr atrás dela. Foi automática a resposta e reação dela. Ela simplesmente não quer mais. Já perdeu muito tempo ali e viu que é hora de perder tempo em novos caminhos.

A regra é sempre a mesma: as pessoas só dão valor quando perdem. E eles sabem e sentem quando a moça não está mais disponível para eles. Quando ele não é mais o centro do universo dela. Quando aquilo na faz mais sentido. Quando a moça perde a graça não há palhaço que a faça rir novamente.


Heloísa Lugão