Uma
vez me falaram que quando a gente se apaixona de verdade mesmo não vemos raça,
classe, situação financeira, nada disso. Quem me disse isso estava coberto de
razão.
Ele
não era nada daquilo que eu estava acostumada. Não tinha nada que eu queria,
ele não tinha nada. Eu estava acostumada com caras formados, doutores e não com
caras semi-analfabetos cheio de amor sincero.
Eu
estava acostumada com caras que mentiam, gostavam de jogar a culpa em mim. Com caras que se
vangloriavam e não com um cara que se sentia o máximo por estar comigo.
Ele
era o tipo de cara que eu gostava de estar. Que me trazia paz, sossego, muito
frio na barriga. Trazia-me muitas risadas, felicidade era cotidiana.
Não
me importava que ele fosse um cara que trabalhava na roça. Que a hora dele
dormir é a hora que vou para a balada. Que a hora dele ir trabalhar é a hora
que eu chego da balada.
Não
me importava com as coisas erradas que ele falava. Com as mãos calejadas que
ele tem. Com o jeito cafona de se vestir.
Importava-me
com as palavras mais sinceras que ouvi. Com os carinhos dele. Com o cafuné nos
meus cabelos que só ele fazia. Com o jeito que me abraçava para me cobrir do
frio.
Eu
me importava com o cheiro de homem que ele tinha. Com o jeito que ele fazia eu
me sentir mulher e cada vez mais dele. Importava-me com a sinceridade dele. A
confiança.
Importava-me
com as atitudes dele. Alias, ele não era de palavras. Ia lá e fazia. Talvez
seja ai que me apaixonei mais.
Quando
gostamos de alguém, não gostamos do que a pessoa tem. Gostamos do que a pessoa
nos proporciona. Gostamos daquilo que a pessoa nos transforma. E ele
transformou o melhor de mim em mim.
Heloísa
Lugão
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