Dias
desses passei pela sala e a tv estava ligada no programa Fátima Bernardes (não
vi o tema) mas entre as mensagens que aparecem na tela uma pessoa mandou assim
“Tenho medo de não de um dia não me conhecer” e fiquei pensando naquilo. Não
sei nem quem é a pessoa muito menos sua idade, porém imagino que seja uma pena
uma pessoa não se conhecer pelo menos um pouquinho, até porque nunca chegaremos
à conclusão de quem realmente somos.
Contudo,
afirmo que é uma delicia esse processo de conhecimento. Cheguei a uma fase da
minha vida que conhecia todo mundo, sabia os gostos e preferências de todos
menos os meus. Perai, eu preciso saber quem sou, nem que seja só um pouquinho e
foi ai que comecei o meu processo de conhecimento.
Cheguei
a um ponto onde me achava estranha, sabe essas crises de adolescentes e/ou
crises existenciais? Tive a minha aos 23 anos. Não sabia qual era a minha banda
preferida, meu prato predileto, nem mesmo algumas qualidades e defeitos. Fazia
de tudo para descobrir o que o outro queria para agradar e não fazia nada por
mim já que não sabia o que realmente gostava.
Não
era uma pessoa interessante, já tentei ser outra pessoa para agradar outras
pessoas, corria de mim. Chega, cansei e resolvi mudar. Foi ai que me coloquei
de castigo e só sairia de lá quando aprendesse e de brinde por ser uma boa
garota ganharia um mimo.
Fiquei
de castigo, sofri, pensava que ficaria louca, surtei, queria desisti daquilo,
queria desistir de mim, era complicado demais, precisei da solidão, de
pensamentos e com o tempo, de pouquinho a pouquinho fui descobrindo quem eu
era. Fui me apaixonando e achando interessante a pessoa que estava conhecendo
que por sinal era desconhecida e morava dentro de mim.
Essa
pessoa desconhecida foi aflorando e passou a se assumir do jeito que é sem ter
vergonha e medo do que o mundo iria pensar. O único medo que ela tinha era de
que voltasse a adormecer a pessoa linda que existe dentro dela. A vergonha que
sentia era de ter passado tanto tempo escondida.
Hoje
quando ela conhece alguém já mostra logo seu lado um pouco maluquete, seu
estilo um pouco mais livre, seu gosto peculiar, sua personalidade forte. Ela
não se passa mais por santa, patricinha e nem que gosta do que a moda dita,
alias ela dita sua própria moda. Ela se acha linda em uma sexta-feira a tarde
mesmo com a cara acabada de cansaço depois de uma semana intensa, sem
maquiagem, descabelada e até inchada. Se acha interessante quando passa o final
de semana todo em casa de pijama. Não se encanta com os saltos da moda, se
apaixona cada vez mais pelas Havaianas, tudo que é conforto lhe fascina. Não
liga pelas roupas larguinhas que usa ao invés de usar uma roupa mais justa que
valoriza mais seu corpo. Ela não quer alguém que valorize seu corpo, quer
alguém que valorize suas idéias. Ela talvez nem queira alguém, mas ela quer
sempre ela.
E
desde quando a boa moça saiu do castigo ela vem recebendo mimos um atrás do
outro, até já sabe sua banda predileta, seu prato favorito, sua cor predileta.
Ela sabe o quer pra si. Ela se tornou tão interessante pra si que muitos que
antes ela achava que era o máster de atraente hoje é um mero babaca. Ela se
tornou tão interessante ao ponto de muitos a acharem interessante também.
Heloísa
Lugão